PANÁFRICA, ÁFRICA IYA N’LA
A ideia do Panafricanismo nos remete à saga
do genocídio do continente africano. A diáspora homicida.
No sentido de manutenção das raízes, implica
no pensamento da matriz cultural e assegurar o pensamento, o sentimento da
complexidade material e espiritual, de todo o grupo étnico, arrancado do
continente com a escravidão e espalhado pelo mundo.
O panafricanismo, através do depoimento de
Abdias Nascimento nos conduz ao espírito político na resistência dos afros em
todos os quadrantes, na postura universal dos direitos de ancestralidade e
participação da comunidade negra nas decisões das soluções dos seus problemas.
Teoria e prática da unidade do mundo
africano, sem nenhuma conotação racista a unidade baseia-se na comunidade dos
fatos históricos, na herança cultural e na identidade de destino em face do
capitalismo, do imperialismo e do colonialismo.
Reivindica o Panafricanismo a unificação do
mundo africano, aliança concreta e progressista com a diáspora unida.
No Brasil, a ideia e prática do
Panafricanismo está registrada através dos diversos movimentos sociais,
políticos e culturais, onde o negro é protagonista, através das resistências,
nos candomblés, ponto de irradiação da cultura afro; quilombos, rurais e
urbanos; escolas de samba e outras manifestações sociais e culturais dos
movimentos reivindicatórios das entidades negras em que revivendo uma tradição
em busca de resgatar a identidade, mantém uma luta ligada intimamente à terra
original, onde os negros espalhados em todo território mantém, apear das
dificuldades de comunicação imposta pelo sistema e pela pobreza, contatos que
lhe são possíveis com o mundo africano e a luta negra internacional.
O dado mais
significativo em torno do movimento panafricanista, nos remete à saga da Rainha
Ginga e ao trabalho de Marcus Garvey, e, evidentemente, Zumbi dos Palmares.
Em Sergipe― após o
movimento histórico de libertação, através das ações dos líderes quilombolas,
em que se destacou a figura de JOÃO MULUNGU, covardemente assassinado pelo
sistema escravista dos senhores de engenhos, em janeiro de 1876―, o resgate de
sua memória e seu lugar na história, inclusive Sergipe no Panafricanismo e a
luta pela identidade e dignidade dos afro-sergipanos.
Hoje, após mais de
cem anos da chamada abolição, a luta ainda é pela identidade e participação e
do reconhecimento do negro; assinalando a importância social e política das
culturas afro-sergipanas:
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- assinalando a lamentável condição do negro em Sergipe;
- assinalando que o linchamento social é pior que o linchamento físico;
- assinalando o racismo mascarado em Sergipe;
- assinalando que o negro continua escravo;
- assinalando que o negro continua sendo objeto de estudos;
- assinalando que o negro não é selecionado e preferido para as mais baixas ocupações;
- assinalando que ao negro não é dada condição de participar das decisões para solução dos seus problemas;
- assinalando que o negro continua sendo o maior contingente de analfabetos, desempregados e marginais;
- assinalando o genocídio sistemático da criança abandonada e a esterilização da mulher negra;
- assinalando que o negro é o maior contingente populacional dos presídios e delegacias do Estado;
- assinalando o racismo nas escolas e na educação em Sergipe;
- assinalando que a expressão “boa aparência” é a marca do racismo e da discriminação do negro no comércio e no mercado de trabalho em Sergipe.
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Fonte: ―Panáfrica África Iya N'La / Severo D 117 p D'Acelino―Aracaju: MemoriAfro, 2002, 169 p.
Priscila Tintiliano
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