segunda-feira, 15 de outubro de 2012

PANÁFRICA, ÁFRICA IYA N'LA


PANÁFRICA, ÁFRICA IYA N’LA
   

    A ideia do Panafricanismo nos remete à saga do genocídio do continente africano. A diáspora homicida.
    No sentido de manutenção das raízes, implica no pensamento da matriz cultural e assegurar o pensamento, o sentimento da complexidade material e espiritual, de todo o grupo étnico, arrancado do continente com a escravidão e espalhado pelo mundo.
    O panafricanismo, através do depoimento de Abdias Nascimento nos conduz ao espírito político na resistência dos afros em todos os quadrantes, na postura universal dos direitos de ancestralidade e participação da comunidade negra nas decisões das soluções dos seus problemas.
    Teoria e prática da unidade do mundo africano, sem nenhuma conotação racista a unidade baseia-se na comunidade dos fatos históricos, na herança cultural e na identidade de destino em face do capitalismo, do imperialismo e do colonialismo.
    Reivindica o Panafricanismo a unificação do mundo africano, aliança concreta e progressista com a diáspora unida.
    No Brasil, a ideia e prática do Panafricanismo está registrada através dos diversos movimentos sociais, políticos e culturais, onde o negro é protagonista, através das resistências, nos candomblés, ponto de irradiação da cultura afro; quilombos, rurais e urbanos; escolas de samba e outras manifestações sociais e culturais dos movimentos reivindicatórios das entidades negras em que revivendo uma tradição em busca de resgatar a identidade, mantém uma luta ligada intimamente à terra original, onde os negros espalhados em todo território mantém, apear das dificuldades de comunicação imposta pelo sistema e pela pobreza, contatos que lhe são possíveis com o mundo africano e a luta negra internacional.
    O dado mais significativo em torno do movimento panafricanista, nos remete à saga da Rainha Ginga e ao trabalho de Marcus Garvey, e, evidentemente, Zumbi dos Palmares.
    Em Sergipe― após o movimento histórico de libertação, através das ações dos líderes quilombolas, em que se destacou a figura de JOÃO MULUNGU, covardemente assassinado pelo sistema escravista dos senhores de engenhos, em janeiro de 1876―, o resgate de sua memória e seu lugar na história, inclusive Sergipe no Panafricanismo e a luta pela identidade e dignidade dos afro-sergipanos.
    Hoje, após mais de cem anos da chamada abolição, a luta ainda é pela identidade e participação e do reconhecimento do negro; assinalando a importância social e política das culturas afro-sergipanas:
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  •      assinalando a lamentável condição do negro em Sergipe;
  •           assinalando que o linchamento social é pior que o linchamento físico;
  •          assinalando o racismo mascarado em Sergipe;
  •          assinalando que o negro continua escravo;
  •          assinalando que o negro continua sendo objeto de estudos;
  •          assinalando que o negro não é selecionado e preferido para as mais baixas ocupações;
  •          assinalando que ao negro não é dada condição de participar das decisões para solução dos seus problemas;
  •          assinalando que o negro continua sendo o maior contingente de analfabetos, desempregados e marginais;
  •          assinalando o genocídio sistemático da criança abandonada e a esterilização da mulher  negra;
  •          assinalando que o negro é o maior contingente populacional dos presídios e delegacias do Estado;
  •          assinalando o racismo nas escolas e na educação em Sergipe;
  •          assinalando que a expressão “boa aparência” é a marca do racismo e da discriminação do negro no comércio e no mercado de trabalho em Sergipe.


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Fonte:  Panáfrica África Iya N'La / Severo D 117 p D'Acelino―Aracaju: MemoriAfro, 2002, 169 p.
   




Priscila Tintiliano











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